29 junho 2007

Como avaliar uma obra? (Parte 4 – final.)


Parte 4: Profundidade do conhecimento.

Passamos a semana vendo como acontece dentro da cabeça de um espectador o processo de avaliação de uma obra artística.

Compreensão = Avaliação.

Essa formula está certa, mas ainda incompleta.

Compreensão da obra + Conhecimento da área = Avaliação

Estes dois fatores devem ser ponderados ao receber uma crítica ou elogio.
Perceba como o conhecimento influência o perfil de avaliação.

O Perfil do Amigo/Fã que não possui conhecimento da área :Olhará para seu trabalho e julgará baseado em duas variáveis: O “entendi” e o “ não entendi”. Tome cuidado com comentários vindos de uma pessoa com este perfil. Se ele te elogiar não se empolgue (Ele não têm parâmetro para saber se sua obra é boa de verdade) se ele te criticar ouça com parcimônia. (Uma crítica deste porte nem sempre atenderá seus anseios por melhoria, por orientação, e pode servir apenas como freio para sua motivação– se você estiver começando.)

O Perfil do Amigo/Fã que possui conhecimento da área: Esse é valioso. Uma pessoa com esta orientação é sensível a arte. Poderá ressaltar pontos positivos e negativos que você nem tinha imaginado. Talvez encontre em sua obra uma Genialidade-não-intencional. Talvez faça uma associação grotesca e você queira queimar sua obra. Esses caras são legais, mas não estão sempre certos.

O Perfil do Professor/irmão mais velho que não possui conhecimento: Pode soar estranho, mas este é o perfil mais abundante. Ele usará uma referência para te dizer o que é arte, e não aceitará nada além disso. Ele gostará de Da Vinci por que é bonito, mas dirá que Picasso não é arte, alegando que é capaz de fazer igual. Use seu bom senso para ver o que vale e o que não vale em sua avaliação.
O Perfil do Professor/irmão mais velho que possui conhecimento: As referência que ele carrega o ajudarão a buscar um trabalho mais completo, evitando cópias ou apenas releituras. Será a pessoa indicada para te avaliar quando você desenvolver um estilo próprio.

O perfil do Chefe/cliente sem conhecimento da área: Agradar este perfil é fácil: simplesmente faça tudo da maneira mais habitual possível. Peça para que ele te mostre um padrão a seguir, siga e ele ficará feliz. Este perfil não está aberto para inovações nem propostas criativas. Ele não quer arriscar. Não adianta falar que laranja é a cor da moda: ele quer preto porque combina com tudo. A inovação é assustadora e desagradável. Se o que você procura é a avaliação da originalidade de sua idéia, peça opinião para outro.

O perfil do Chefe/cliente que possui o conhecimento da área: Este é o perfil mais exigente e o mais enriquecedor. Se você deseja ser um profissional nesta área procure por pessoas assim. Suas avaliações geralmente são ponderadas e sóbrias. Nunca leve uma avaliação dele para o pessoal, nunca se ofenda, pois ele verdadeiramente está em busca do melhor que há em você. Talvez um dia questione sua capacidade de criação, mas na maioria das vezes ele está na expectativa da perfeição.

Perfil do concorrente sem conhecimento da área: Nem preciso falar que ignorá-lo é o suficiente. Balance a cabeça, finja que está ouvindo, diga que vai pensar sobre o assunto.

Perfil do Concorrente que Possui o conhecimento da área: Muita calma! Respire fundo e ouça tudo o que ele disser, quando passar a raiva e a vontade de surrá-lo pense no que foi dito. Você perceberá que a maior parte é opinião pessoal dele, então releve. O que sobrar pode ser verdade e é bom pedir uma segunda opinião.

Conclusão das quatro partes (parte relevante):

Nas quatro edições do Aprendiz; Roberto Justos avaliou os concorrentes tanto de forma pessoal quanto técnica. Baseou também suas decisões no conhecimento que tinha da área.

No Programa Ídolos os jurados usam sua Opinião pessoal e um perfil que varia de amigo para inimigo constantemente. Decidem o que lhes parece melhor.

Mas absolutamente nada garante que a avaliação deles foi correta.

Não se deixe impressionar pela avaliação de alguém. Simplesmente dê o melhor de si e aprenda a “avaliar uma avaliação” (isto é - entender o que é relevante na opinião dos outros) para poder crescer. Os elogios são bons, mas não são vitais. As críticas doem mas são úteis.

Espero que este artigo facilite seu processo de desenvolvimento pessoal. Ok?

Notas do autor:
1)O texto presente nestes artigos é da minha cabeça. Nada impede que eu esteja errado, e nada impede que eu esteja certo. Se você conhece algum artigo acadêmico sério que me contradiga ou que acrescente algo , por favor, compartilhe comigo.

2) Desculpem o texto longo

3) os Arquétipos expostos só servem como referência. Nem todo o chefe tem o “arquétipo do Chefe” e nem todo amigo tem o “arquétipo do amigo”. Ninguém é 100% concorrente ou professor. Use seu bom senso pra sacar qual é o tipo da pessoa que você está tratando e se beneficie disso. Blz?

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