30 abril 2009

O Manifesto da Culpa - parte 1

1. Sobre a ilusão da Percepção

Parece obvio, mas leia com atenção

Qualquer um que se predisponha ao sofrimento chegará à conclusão de que não passamos de vítimas.

Ora, todo aquele que sofre também teme o sofrimento quando está distante, e quando se manifesta sente urgência de que passe.

Uma vez que a dor o domina surge a busca por soluções que atenuem esta dor.

Toda a dor fará pensar. Este é um benefício menosprezado.

Um pensamento limitado anestesia a dor ou a evidencia ainda mais, mas nunca curará a dor.

Se o homem que sofre pensa, pensa na razão de sua dor.

Naturalmente pensa o porquê isso aconteceu, em como isso veio a acontecer e pensa em quem causou ou em quem sofreu a dor.

Este é o ponto crítico deste raciocínio: Quem?

Quando começa a busca pelo responsável surge a procura por um culpado, sejam elas entidades, idéias ou pessoas.

Deus, o destino, a natureza, o acaso, o presidente, o governador, o vizinho, os pais, o cônjuge, o mundo ,a sociedade, a desigualdade social.

Todas as pessoas e idéias são potenciais fontes de dor e possíveis culpados.

Tudo se tornará dor ao seu tempo, e isto faz parte do jogo.

O que não se atentam é de culpa também é uma dor, seja em sentimento ou em punição social, a culpa é dolorosa.

Logo, Não se acrescenta dor à vítima, pois esta pede que a dor a deixe.

Mas única conclusão que possuo é que a vítima é sempre responsável por sua dor.

A lógica: No Quadrado do Sofrimento existem os pontos que se interligam:

A Situação, o Modo, o Responsável (e suas motivações) e a Vítima.

Mas este é um desenho estático.

Na visão deste manifesto a Vítima é ativa no processo de dor, e não passiva.

A vítima não está esperando passivamente pela dor.

Ao contrário,

Uma vez que esteja viva ela expõe ativamente sua vida a toda forma de sofrimento

Tornando-se assim responsável por sua própria dor.


Se a vítima for também o próprio responsável surge o Triangulo do Suicídio:

Situação, Modo e o Self.

O que eu humildemente proponho é o Fim da “Vitimização” pela consciência de que somos todos responsáveis por toda forma de sofrimento.

Todo sofrimento humano, é em última resolução um Suicídio.

Exercícios para praticar o conceito:

Exercício nº1

Situação: Um assalto em São Paulo

Modo: Assaltante encostou revolver em sua nuca, te intimidou, levou sua carteira e mandou você correr sem olhar para trás.

Os culpados possíveis:

( ) O assaltante, que possuía uma arma, mas não possuía uma carteira

( ) A vítima que possuía uma carteira, mas não possuía uma arma

( ) Os pais do assaltante, que não lhe deram uma estrutura na vida

( ) O governo que não permitiu aos pais do assaltante darem a ele uma estrutura na vida.

( ) O Cara que deu a arma pro assaltante.

( ) A Polícia, que não estava presente no momento.

( ) O governo que não deu uma melhor estrutura para a polícia

( ) Deus, que deveria ter impedido o assaltante de escolher esta vítima inocente

( ) Deus, que deveria ter atendido as orações dos pais do assaltante tornando-o um engenheiro.

( ) O diabo que veio para matar, roubar e destruir.

( ) Deus, que inventou o diabo

( ) O Coronel Colt que inventou o revolver

( ) Os chineses que inventaram a pólvora

( ) A humanidade que inventou o crime.

( ) Deus, que inventou o Coronel Colt, os Chineses e a Humanidade.

( ) A vítima, que decidiu viver numa das cidades mais violentas do mundo e deveria estar ciente dos riscos que corria sem choramingar.

( ) Nenhuma das anteriores

( ) Somos Todos Vítimas

( ) Somos Todos culpados

Como este é o Manifesto da Culpa e não o “Manifesto da grande injustiça que o mundo proporciona” Nós só podemos dar uma resposta.

Adivinhe qual.

2 comentários:

junia disse...

Somos todos culpados! Yhea

Paprika disse...

Esse é o espírito.